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Permitam que me apresente.

Antes de o fazer consintam-me uma ressalva.

Cometemos o erro de pensar que somos definidos por um nome. Fulano de Tal.

Como se a nossa alma pudesse ser encerrada na toponímia estática do corpo que nos delimita e dos antepassados que carregamos aos ombros.



Não somos imóveis como um nome.

Somos antes uma topografia do caminho que percorremos.

O meu nome não é importante.

Até uma certa idade vivi uma vida estática. Mexia-me muito mas não saía do mesmo sítio.

Fumava, comia, bebia e trabalhava desregradamente. Dos 70 kg da juventude, cheguei aos 90 kg da meia idade. Colestrol alto, glicémia elevada, hipertensão, cortisol, Stress. 

Um fim prematuro pré-anunciado.







Tive a minha epifania redescobrindo o prazer de correr.

Chamem-me atleta neo-veterano. A meio da vida vi a minha luz no meu caminho de Damasco.

Comecei a correr.

Primeiro 20 minutos diários. Depois passei para 10 km numa hora.

Tracei objetivos. Objetivos ambiciosos que me desafiassem para além do razoável.

Cumprir a distância mítica da maratona, 42 quilómetros e 195 metros.

Assim o fiz, com dor e dificuldade, mas em movimento.

Feita a Maratona de Lisboa, precisava de continuar, não parar mais.

Então dediquei-me à Ultra distância em Trilhos de montanha. Comecei com 50 km na Serra do Gerês. Terminei no tempo limite, surpreendido comigo próprio por ter conseguido.

Segui para 70 km na Serra da Freita. Um enorme desafio, terminado novamente in extremis, mas irradiando o êxtase da luta.

Tudo isto apenas no meu primeiro ano.

Outros se seguiriam, com conquistas cada vez mais ambiciosas e recompensadoras.







E de repente a minha vida começou a mover-se.





Comentários

  1. Luís,

    Gostei do 1º capítulo.

    Fico a aguardar os seguintes.

    Runabraço

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  2. Constróis o teu caminho, alcanças os teus objectivos. Admiro-te imenso por isso.
    Beijos
    Helena

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  3. ...és um Exemplo a seguir!!!
    ...continua assim, o caminho faz-se andando!!!
    ...obrigado pelos momentos partilhados entre os trilhos e fora destes...
    Abraço, com amizade
    lfmricardo

    ResponderEliminar
  4. Adoro estas histórias inspiradoras e que nos deixam na expectativa de mais, e mais, e mais...
    Venha de lá o que falta, Luís!

    Bons treinos!

    ResponderEliminar

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