Escritos dispersos I

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“Red Smith was asked if turning out a daily column wasn’t quite a chore. “Why, no,” dead-panned Smith. “You simply sit down at the typewriter, open your veins, and bleed.”

-            Walter Winchell







Entalado

Estava para aqui sossegado, profundamente absorto na poesia do Herberto Hélder, quando subitamente me lembrei que tenho que ir lavar as casas de banho. E assim passo os dias, entalado entre o sublime e o escatológico...







Turismo

Nos tempos que correm, quiçá para cavalgar a onda da nova invasão dos visigodos, todo o Luso que se preze abre um sushi bar, um boutique restaurant, ou um cantinho de gourmet food.
Eu tenciono abrir uma Tasca à Antiga Portuguesa, com empregados sebosos, malcriados e a cheirar a aguardente, e vou servir pezinhos de coentrada, febras, bifanas e couratos, em condições de higiene pré-ASAE, tudo acompanhado com copos de três de um tinto tão espesso e opaco que os bárbaros vão conseguir pentear-se no reflexo. Vai ser um tremendo sucesso.






Imobiliário

Agora que o negócio do imobiliário está uma loucura (está tudo doido), resolvi pôr à venda umas propriedades de família. 

Neste momento nada melhor do que colocar anúncios diretamente em Paris, França; Luanda, Angola; S. Paulo, Brasil; ou Xangai, China.


O anúncio Francês já está pronto. Acho que vou pedir uns 3 milhões de euros pela propriedade:

«Château avec jardin, traversé par un ruisseau d'eaux cristallines, vue sur les étoiles et scie de Montejunto, tons de rose, mansarde et facteur très dédié. Divers faune et flore.
Haute valeur historique Le général Masséna dormait lui-même dans la suite présidentielle en septembre 1810.»


Tradução:
«Castelo com jardim, atravessado por um riacho de águas cristalinas, vista das estrelas e da Serra de Montejunto, tons de rosa, sótão, e feitor muito dedicado. Fauna e flora diversificada.
Elevado valor histórico. O general Masséna dormiu na suite presidencial em Setembro de 1810.»








Moura Guedes

Meus companheiros e amigos, amantes do desporto ao ar livre, na vertente de corrida.
Espero que não se ofendam se, humildemente, vos disser que estão (quase) todos a pegar neste tema pelo lado errado.
Em vez de se incensarem com o conteúdo, que é manifestamente pobre, deveriam antes atentar à forma, que é ainda mais pobre.
Como diria o sublime Oscar Wilde, "É absurdo dividir as pessoas em boas e más. As pessoas ou são charmosas ou entediantes."
E o discurso desta senhora é deveras entediante. Pode-se mesmo dizer que “está fraquinho”. Sobretudo para uma pessoa que exerceu profissionalmente o metier de jornalista durante anos a fio.
Não questiono os seus instintos. Eu próprio por vezes também me sinto assoberbado pelos meus “piores instintos”, sobretudo no meio do trânsito alfacinha em hora de ponta. Mas é raríssimo o motivo da minha indignação ser o comportamento dos pedestres. Normalmente reservo a minha animosidade para os condutores e julgo até que eles têm todo o direito a tomar-me como alvo preferencial da sua, se eu me começar a comportar como uma alimária enraivecida.
Enfim, parece que nem perdeu tempo a estruturar um texto com alguma elegância, com alguma elevação e donaire. Possivelmente terá digitado a diatribe enquanto se encrespava contra a alegria alheia no conforto e segurança do seu automóvel.
Mas mesmo nessas circunstâncias poderia ter alinhavado um parágrafo espirituoso, irónico ou mordaz. Assim ficou ao nível do “vai trabalhar malandro” de que eu próprio já fui alvo ao participar numa das tais “maratonas pela cidade”.








Beijos

Malta,
Das duas uma, ou escrevem tudo com abreviaturas ou tudo sem elas.
Deixem de escrever apenas 'Bjs' para rematar um sms ou um email onde não consta qualquer outra abreviatura.
Beijos há muitos. Há-os apaixonados, fogosos, atrevidos, violentos, repenicados, demorados, falsos, protetores, carinhosos, amigos, fugazes, tangenciais, tímidos, saudosos, e até os há que nunca saíram do armário.
Ora 'Bjs' cai na categoria do 'não me quero comprometer'. Não são beijos de corpo inteiro, dos quatro costados, mas também não são meros 'cumprimentos' formais. São mais como o 'despeço-me com amizade' da contemporânea correspondência escrita.
Se querem enviar beijos, sejam explícitos, independentemente de ser beijo de amizade ou de paixão, senão despeçam-se com amizade como o Engenheiro Sousa Veloso que era de um tempo de correspondência escrita em papel e tele-difusão em broadcast.
Beijos.


Traduzido pelo Google:
Mlta
Ds 2 uma, ó escrvm td c/ abrvtras ó td 100 elas
Dexem d escrvr Bjs no fim d1 sms ou d1 E-M* 100 qqs otras abrvtras
Bjs há mts. :-*, :-*, :-*, :-*, :-*, :-*, :-* e ainda :-*
Ora, bjs só assm, n1 sms ou n1 E-M* td ele por extnso, ñ é nada
ce kérem envr bjs, nviem c/o dve ser
Bjs

:-*

 















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