1º Ultra-Trail de Sesimbra
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No domingo dia 12 acordei bem cedinho (5h!!!) para ter tempo de ingerir um pequeno-almoço substancial e me equipar convenientemente para mais uma aventura Ultra. Ou seja, t-shirt Run 4 Fun, mochila de hidratação com 2l de água, 4 géis, meias de compressão, as sapatilhas de trail e o lenço para proteger a cabeça do sol inclemente.
Desta vez tratou-se de correr os 50 km do 1º Ultra Trail de Sesimbra, organizado pela Associação Desportiva O Mundo da Corrida, da qual tenho a felicidade de conhecer alguns elementos com os quais partilhei a aventura dos 101 km de Ronda.
Chegado a Sesimbra, levantei o dorsal 98 e depois tive o prazer de confraternizar um pouco com alguns companheiros habituais destas aventuras. Tive a boa surpresa de reencontrar o Renato Velez que tal como eu também se preparava para completar os 50 km.
O local de partida e chegada situava-se junto ao Hotel Sesimbra Spa, do lado nascente da vila.
Depois das recomendações do Eduardo Santos, foi dado o sinal de partida e lá fomos nós, cerca de 120 atletas, pela marginal fora, até ao porto de abrigo, onde começámos a subida para a pedreira.
Arranquei rápido e na pedreira ia no grupo dos 20 primeiros.
As fitas vermelhas e brancas e as marcações azuis no chão não deixavam enganar. Fui correndo atrás de um grupo de cerca de 6 atletas que iam a um bom ritmo pelo estradão. A certa altura, pouco depois do 9º km, eles viram para a esquerda para dentro de um terreno lavrado e eu sigo atrás reconfortado pela contínua presença das marcações. Corremos cerca de 1 km até que numa descida nos deparamos com uma seta azul no chão que indica “Meta.” Paramos surpreendidos. Não pode ser! Ainda faltam imensos quilómetros. Algo está errado. Decidimos voltar para trás. Subimos novamente e voltamos para o ponto de partida onde reentramos no estradão. Ao fim de alguns metros confirmamos que era mesmo para seguir em frente.
Fiquei sem compreender o que tinha ocorrido. Em retrospectiva julgo que teremos entrado pelo desvio para o Mini-Trail mas não tenho a certeza. Seja como for, perdemos cerca de 13 minutos o que não é significativo numa prova desta dimensão.
Quando passamos no 1º abastecimento, ao 11º km, vou em 97º lugar, ou seja, na cauda da corrida. A partir daqui é sempre a ultrapassar atletas, o que, diga-se o que se disser, é sempre bom para o moral.
Os abastecimentos têm água, bananas e laranjas em abundância. Nos primeiros evito parar pois vou recorrendo à água da mochila e aos géis que levo. No entanto a partir de certa altura o calor começa verdadeiramente a apertar e começo a beber que nem um camelo e a comer que nem um urso cada vez que tenho a oportunidade.
Após 21 km chegamos ao 2º abastecimento e ao início da praia. Vou agora em 56º lugar, ou seja, recuperei 41 lugares nos últimos 10 km. Inicio a descida para a praia onde terei cerca de 4 km de areia amarelinha e grossa para palmilhar. São poucos kms mas desgastam cumó caraças, sobretudo agora que o sol inclemente começa a fazer os seus estragos. Chegados à praia das bicas subimos pelo acesso íngreme e entramos nos primeiros single-tracks do percurso.
Este percurso ainda é relativamente simples e consigo chegar ao km 31º, no Farol do Cabo Espichel, em 42º lugar e a sentir-me ainda com reservas de energia.
No entanto a partir daqui é que começa o tratamento de mula, com subidas e descidas bem agrestes, no meio de mato alto e calhaus cortantes. Os pés vão ficando maçados e as bolhas começam a aparecer. Os músculos já não respondem como no início. O calor continua a fazer sentir o seu efeito. A paisagem é belíssima, mas já tenho alguma dificuldade em aperceber-me do azul do mar.
Seja como for, consigo chegar ao 37º km em 32º lugar, o que indica que muitos atletas ainda vão em maiores dificuldades do que eu. Daqui para a frente é sempre a gerir o prejuízo. Por vezes tenho que parar por instantes para dar folga às pernas, mas vou inexoravelmente percorrendo o caminho. É nesta altura das corridas que normalmente entro em modo “Zombie” em que os pés andam sozinhos e eu mal tenho a noção para onde me dirijo.
Ao km 41 volto a passar no local assinalado com a indicação da direcção da Meta, mas desta vez com um nível de frescura (ou falta dela) completamente diferente. Ao km 47 do meu Garmin passo novamente na pedreira, no retorno para o Castelo. Os quilómetros até ao Castelo são bastante penosos mas vão-se fazendo. Quando finalmente chego lá ao alto, no Castelo, já levo 6:14 de prova e vou em 21º lugar.
A partir daqui é sempre a descer! Ganho fôlego e lá vou eu para percorrer os últimos 3 km o mais depressa que conseguir. Chego ao porto de abrigo e percorro a marginal até à meta, onde termino no 21º lugar, após 6 horas e 32 minutos de muita dureza mas também de muita beleza natural. O meu Garmin marca 54,3 km. O objectivo principal, que como sempre é terminar, foi cumprido.
Reencontro a minha mulher, que fez a caminhada, e vou confraternizando com os atletas presentes e com aqueles que vão chegando. O amigo Eduardo Ferreira está mortinho para se atirar para dentro de água e eu próprio faria o mesmo se não tivesse os miúdos à espera.
O Luís Mota teve mais uma excelente prestação (honra o nome que tem :)), vencendo em 4 horas e 38 minutos.
Ouve uma ou outra falha, mas em geral julgo que a organização esteve muito bem. É sem dúvida um trail a manter e eu estarei cá para o ano para o fazer novamente.
No domingo dia 12 acordei bem cedinho (5h!!!) para ter tempo de ingerir um pequeno-almoço substancial e me equipar convenientemente para mais uma aventura Ultra. Ou seja, t-shirt Run 4 Fun, mochila de hidratação com 2l de água, 4 géis, meias de compressão, as sapatilhas de trail e o lenço para proteger a cabeça do sol inclemente.
Desta vez tratou-se de correr os 50 km do 1º Ultra Trail de Sesimbra, organizado pela Associação Desportiva O Mundo da Corrida, da qual tenho a felicidade de conhecer alguns elementos com os quais partilhei a aventura dos 101 km de Ronda.
Chegado a Sesimbra, levantei o dorsal 98 e depois tive o prazer de confraternizar um pouco com alguns companheiros habituais destas aventuras. Tive a boa surpresa de reencontrar o Renato Velez que tal como eu também se preparava para completar os 50 km.
O local de partida e chegada situava-se junto ao Hotel Sesimbra Spa, do lado nascente da vila.
Depois das recomendações do Eduardo Santos, foi dado o sinal de partida e lá fomos nós, cerca de 120 atletas, pela marginal fora, até ao porto de abrigo, onde começámos a subida para a pedreira.
Arranquei rápido e na pedreira ia no grupo dos 20 primeiros.
As fitas vermelhas e brancas e as marcações azuis no chão não deixavam enganar. Fui correndo atrás de um grupo de cerca de 6 atletas que iam a um bom ritmo pelo estradão. A certa altura, pouco depois do 9º km, eles viram para a esquerda para dentro de um terreno lavrado e eu sigo atrás reconfortado pela contínua presença das marcações. Corremos cerca de 1 km até que numa descida nos deparamos com uma seta azul no chão que indica “Meta.” Paramos surpreendidos. Não pode ser! Ainda faltam imensos quilómetros. Algo está errado. Decidimos voltar para trás. Subimos novamente e voltamos para o ponto de partida onde reentramos no estradão. Ao fim de alguns metros confirmamos que era mesmo para seguir em frente.
Fiquei sem compreender o que tinha ocorrido. Em retrospectiva julgo que teremos entrado pelo desvio para o Mini-Trail mas não tenho a certeza. Seja como for, perdemos cerca de 13 minutos o que não é significativo numa prova desta dimensão.
Quando passamos no 1º abastecimento, ao 11º km, vou em 97º lugar, ou seja, na cauda da corrida. A partir daqui é sempre a ultrapassar atletas, o que, diga-se o que se disser, é sempre bom para o moral.
Os abastecimentos têm água, bananas e laranjas em abundância. Nos primeiros evito parar pois vou recorrendo à água da mochila e aos géis que levo. No entanto a partir de certa altura o calor começa verdadeiramente a apertar e começo a beber que nem um camelo e a comer que nem um urso cada vez que tenho a oportunidade.
Após 21 km chegamos ao 2º abastecimento e ao início da praia. Vou agora em 56º lugar, ou seja, recuperei 41 lugares nos últimos 10 km. Inicio a descida para a praia onde terei cerca de 4 km de areia amarelinha e grossa para palmilhar. São poucos kms mas desgastam cumó caraças, sobretudo agora que o sol inclemente começa a fazer os seus estragos. Chegados à praia das bicas subimos pelo acesso íngreme e entramos nos primeiros single-tracks do percurso.
Este percurso ainda é relativamente simples e consigo chegar ao km 31º, no Farol do Cabo Espichel, em 42º lugar e a sentir-me ainda com reservas de energia.
No entanto a partir daqui é que começa o tratamento de mula, com subidas e descidas bem agrestes, no meio de mato alto e calhaus cortantes. Os pés vão ficando maçados e as bolhas começam a aparecer. Os músculos já não respondem como no início. O calor continua a fazer sentir o seu efeito. A paisagem é belíssima, mas já tenho alguma dificuldade em aperceber-me do azul do mar.
Seja como for, consigo chegar ao 37º km em 32º lugar, o que indica que muitos atletas ainda vão em maiores dificuldades do que eu. Daqui para a frente é sempre a gerir o prejuízo. Por vezes tenho que parar por instantes para dar folga às pernas, mas vou inexoravelmente percorrendo o caminho. É nesta altura das corridas que normalmente entro em modo “Zombie” em que os pés andam sozinhos e eu mal tenho a noção para onde me dirijo.
Ao km 41 volto a passar no local assinalado com a indicação da direcção da Meta, mas desta vez com um nível de frescura (ou falta dela) completamente diferente. Ao km 47 do meu Garmin passo novamente na pedreira, no retorno para o Castelo. Os quilómetros até ao Castelo são bastante penosos mas vão-se fazendo. Quando finalmente chego lá ao alto, no Castelo, já levo 6:14 de prova e vou em 21º lugar.
A partir daqui é sempre a descer! Ganho fôlego e lá vou eu para percorrer os últimos 3 km o mais depressa que conseguir. Chego ao porto de abrigo e percorro a marginal até à meta, onde termino no 21º lugar, após 6 horas e 32 minutos de muita dureza mas também de muita beleza natural. O meu Garmin marca 54,3 km. O objectivo principal, que como sempre é terminar, foi cumprido.
Reencontro a minha mulher, que fez a caminhada, e vou confraternizando com os atletas presentes e com aqueles que vão chegando. O amigo Eduardo Ferreira está mortinho para se atirar para dentro de água e eu próprio faria o mesmo se não tivesse os miúdos à espera.
O Luís Mota teve mais uma excelente prestação (honra o nome que tem :)), vencendo em 4 horas e 38 minutos.
Ouve uma ou outra falha, mas em geral julgo que a organização esteve muito bem. É sem dúvida um trail a manter e eu estarei cá para o ano para o fazer novamente.
A esta distância, os pormenores retidos pela minha memória já não serão muito fiáveis, portanto espero que desculpem alguma incorrecção no meu relato. Para um relato mais rico e melhor ilustrado do que o meu, basta ir à página do Paulo Pires.
O percurso marcado pelo meu Garmin pode ser encontrado aqui: Garmin.
Grande Luís!
ResponderEliminarParabéms por mais uma etapa difícil.
Estou muito admirado com este teu espírito esforço, dedicação e treino numa evolução cada vez mais longe e mais difícil. Uma evolução espetacular.
Isto é que é fibra (muscular, não ótica).
Bons treinos e até à próxima.