RTP Running - Os meus 15 minutos.
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RTP Running de 18 Abr 2015 - RTP Play - RTP
Transcrição da entrevista:
Para mim correr significa liberdade, prazer, alegria, e em última instância felicidade mesmo, faz-me sentir vivo.
Eu gosto sobretudo de correr em ambiente de montanha. É o único momento na minha semana em que o tempo deixa de existir. Não há a noção do tempo, não há a tirania do relógio.
Comecei a correr de forma sistemática e organizada, antes corria mas muito esporadicamente, depois de ter alguns sustos físicos.
Passei de hipotenso para hipertenso num ápice, tinha a tensão elevadíssima. Isso levou-me a ter um incentivo muito grande para mudar.
Depois destes 5 ou 6 anos a fazer Trail resolvi que era altura de encetar um desafio novo que
é, para além do trail, fazer também triatlo. É uma coisa que eu já queria fazer há algum tempo, mas nunca tinha tido a oportunidade e vou agora aproveitar para começar a fazer. Já comecei a treinar especificamente para isso. É um desafio que eu encaro com muito entusiasmo e estou bastante expectante.
O ano em que estive a fazer o 12º ano nos EUA, como eles têm uma tradição desportiva muito grande, foi na altura em que comecei a fazer atletismo. Fiz umas provas curtas de pista; aquilo eram coisas de ensino secundário. Mas depois voltei para Portugal e perdi o contacto com o desporto.
A determinada altura resolvi inscrever-me em aulas de natação, com os meus trinta e poucos anos. É uma modalidade muito completa, o corpo mexe todo e a sensação de estar dentro de água é muito agradável. Dá-me muito prazer, dá-me muito prazer estar dentro de água.
A certa altura na minha vida comecei a ter uma vida mesmo muito sedentária. Foi sobretudo a partir do nascimento dos meus filhos. Foram anos muito intensos e eu comecei-me a descuidar com a alimentação e nessa altura não me coibia de nada.
A minha decisão de começar a correr, finalmente de uma forma sistemática, organizada, foi na fase final em que estava a acabar o MBA. Resolvi começar devagarinho mas coloquei-me logo um objetivo bastante ambicioso.
É curioso, nessa mesma altura o meu irmão mais novo inscreveu-se numa maratona e fez a maratona, e eu, um bocadinho espicaçado por essa conquista do meu irmão, resolvi, vou por-me como meta fazer uma maratona até ao fim do ano.
Atualmente trabalho numa empresa de telecomunicações. O que eu mais gosto de fazer na minha função, apesar de ser uma função técnica em que é preciso fazer um trabalho técnico, envolve muito trabalho de grupo. Temos que interagir muito uns com os outros, com outras áreas da empresa e na verdade o que eu mais gosto é mesmo a interação com as outra pessoas.
Eu tenho uma vida profissional, pessoal, familiar, e associativa, bastante exigentes. Em termos profissionais nós temos uma profissisão com algum stress. Por vezes tenho que trabalhar à noite e há muitos projetos que estão sempre a descorrer e têm limitações de tempo apertadas.
A minha relação com a minha mulher e os meus filhos é muito próxima. Isto funciona tudo bem também porque eles dão-me um apoio grande com a minha ativiade desportiva. A minha mulher também tem uma atividade profissional muito intensa. Os miúdos hoje em dia também estão sobrecarregadissimos de trabalho. Não é como no meu tempo, agora entram na escola às 8 e têm atividades até às 7 da noite. Ou seja, toda a genta da famíla, anda sempre tudo muito ocupado. Tem que haver uma união muito grande entre todas as pessoas da família para que isto funcione tudo bem.
Eu envolvi-me tanto na corrida e nesta vertente do Trail Running, que a determinada altura, juntamente com um grupo de amigos, resolvemos fundar uma associação, que é a Associação deTrail Running de Portugal, que tem uma atividade bastante intensa de promoção, e regulação do Trail em Portugal, e tenho estado envolvido de forma bastante intensa nesta atividade associativa que me dá imenso prazer.
O Ultra Trail tem muitas particularidades. Estamos a falar de distâncias superiores à da Maratona, aos 42 quilómetros, embora nos tempos recentes eu me tenho dedicado mesmo é a fazer provas acima dos 100 km e as famosas provas de 100 milhas, que são de 168 km ou superior, que vai demorar, para um atleta como eu, entre 34 a 38 horas para se fazer, dependendo do tipo de terreno.
É preciso gerir os ritmos naturais que nós vamos sentir, vamos passar por picos quase de euforia, eu pelo menos passo por picos de euforia, e vou a baixos quase de depressão. Quando estamos nas fases más temos é que ter a clareza de espírito, e tomar as estratégias necessárias e adequadas para atingirmos a próxima fase boa.
Em breve irei participar na minha primeira prova de triatlo. Inscrevi-me no triatlo aqui de Lisboa, na distância de Half-Ironman que é uma prova já bastante desafiante. Para primeira prova de triatlo é um desafio bastante grande, porque são 1.900 m a nadar, 90 km de bicicleta e depois é uma meia-maratona, de 21 km.
Queria diversificar também o tipo de desafios que faço. Tenho estado a preparar-me para isso, com alguma regularidade.
Eu também por vezes gosto de treinar no mar. Já tenho o fato de neoprene, já o tinha ainda antes de resolver fazer esta prova. Uma pessoa veste o fato, vai ali para dentro, está ali ao pé dos surfistas. Nadar no mar, vê-se o céu, é mais giro, é diferente.
O objetivo nesta prova é terminar e espero que não corra nada mal alí nas transições, que não tenha nenhum furo em ambos os pneus ou uma coisa assim.
A seguir eu gostava de fazer um Ironman. O objetivo... eu não vou parar enquanto não fizer um Ironman, que é o dobro da distância que vou fazer agora. Passam a ser 3.800 m a nadar, 180 km na bicicleta e passa a ser uma maratona, 42 km para terminar a correr e esse passa a ser o objetivo final.
Eu mudei, tenho perfeita noção disso, mudei muito a perspetiva que tenho acerca do mundo. Sou uma pessoa mais calma na interação com as outra pessoas e comigo mesmo. Sou mais seguro, mais seguro de mim próprio, mais alegre, mais feliz. Sou uma pessoa mais feliz mesmo, isto é tão percetível que é impressionante, chega a ser assustador como me permitiu mudar tanto.
Na vida como nas corridas, o importante é não desistir, nós até podemos perder uma batalha aqui, uma batalha ali, mas continuar para conseguirmos ser felizes, no fundo, então precisamos ter muita persistência, pois, lá está, nem sempre as coisas correm de feição. Mas se tivermos muita persistência, se for claro para nós que é bom, que estamos no caminho certo, os resultados acabam por aparecer.
Se estivermos em contato connosco próprios, com as nossas emoções, com o que é importante para nós, nós não vamos desistir, vamos persistir e vamos ter sucesso.
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