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Numa noite de Maio, com um clima tão quente que poderia fritar um ovo no capô de um carro, um grupo de cientistas, tão brilhantes quanto socialmente desajeitados, reuniram-se numa casa centenária em Lisboa. Todos eles eram ex-alunos do Instituto Superior Técnico, alguns tinham doutoramentos em física, e de alguma forma, haviam conseguido não explodir nenhum laboratório durante o percurso académico.


Luís, o anfitrião, era conhecido por ser o mais extrovertido do grupo - o que, neste caso, significava que era capaz de manter contato visual enquanto falava. Ele, que de alguma forma havia conseguido transformar a sua paixão por fazer coisas explodir (desculpa, "física experimental") numa carreira medíocre a fazer arriar servidores de telecomunicações, tinha organizado este encontro de nerds da ciência, em fuga do mundo exterior.

Conforme a noite avançava, e os níveis de cafeína e álcool aumentavam, a conversa virou uma autêntica viagem ao passado, repleta de histórias sobre aulas que mais pareciam saídas de um cruzamento entre um filme de ficção científica e o almanaque "Borda d'Água". Todos se recordavam da Física das Ondas do Prof. Alves Marques, cujas aulas eram como uma montanha-russa de emoções, em que o medo e a excitação pela complexidade dos tópicos discutidos eram complementados por piadas tão secas que poderiam provocar uma tempestade no deserto.

No entanto, nada era mais memorável do que o épico Kenotrão - uma máquina que lançava raios elétricos no ar, como se não houvesse amanhã. Sempre que o professor Alves se preparava para ligá-la, garantia que "não fazia mal nenhum", enquanto Juca, o assistente alentejano de coração grande e medo maior ainda, deixava a sala a correr como se estivesse a participar numa maratona.

Juca era um sujeito caricato, que sempre tinha algo engraçado para dizer. Antes de cada demonstração do Kenotrão, ele chamava os alunos de lado e com um sorriso malandro no rosto, questionava a afirmação do professor: "Não faz mal? Já viram a cara dele?"

A noite avançou entre gargalhadas e memórias de uma época em que eram jovens e imprudentes estudantes de física, apaixonados pela ciência e desesperados por não repetir o semestre. Agora, apesar de estarem espalhados por todo o mundo, a sua amizade perdurava, tão estável como uma teoria física bem comprovada. E sempre que se reuniam, as histórias eram as mesmas, as piadas eram as mesmas, mas as risadas... ah, essas eram sempre novas e genuínas.


No meio de todas estas histórias inesquecíveis, houve uma em particular que fez todos se contorcerem de riso só de se lembrarem. Tratava-se de um episódio particularmente hilariante que ocorreu na cadeira de Vácuo, liderada por uma professora com um ligeiro sotaque fanhoso, que apenas realçava o seu carácter inigualável.

A professora, conhecida por todos como Dra. Física - não apenas por ser ela a personificação da ciência, mas também porque o seu nome real era um autêntico quebra-cabeças de consoantes, sempre insistia na mesma regra quando se tratava do medidor de vácuo, o Mcleod: "Não liguem o Mcleod antes da máquina aquecer." Ela repetia isto com tanta frequência que os alunos acabaram por começar a imitá-la, transformando o conselho numa espécie de mantra cómico.

Então, aconteceu. Num dia particularmente caótico, um estudante distraído, com mais cabelo do que senso comum, ligou o Mcleod antes de tempo. O resultado? Uma quantidade absurda de mercúrio foi sugada para dentro da máquina, criando um verdadeiro pandemónio. A cara da Dra. Física ao ver a cena poderia ser comparada à de um fã de futebol que vê o seu time perder nos penáltis. E a expressão do estudante não foi menos divertida - ele parecia ter visto um fantasma, ou pior, um teste surpresa de cálculo.

O que se seguiu foi uma série de acontecimentos dignos de uma sitcom. Toda a máquina teve que ser desmontada, peça por peça, num processo tão laborioso que fez alguns alunos questionarem se realmente queriam prosseguir com a carreira científica.

E a partir desse dia, a Dra. Física adicionou uma nova regra às suas aulas: "Se ligarem o Mcleod antes da máquina aquecer, serão vocês a desmontar a máquina!" Uma advertência que ninguém ousou desafiar novamente. E sempre que essa história é relembrada, as gargalhadas ecoam pela sala, como uma bela recordação da sua juventude académica e dos tempos em que, apesar de todos os desafios, nunca faltavam motivos para sorrir.


Entre todas as histórias fantásticas que marcaram os anos de universidade destes cientistas, havia uma particularmente hilariante que envolvia a famosa Professora conhecida como "Bacalhau Seco". O nome, um pouco irreverente, nascera devido à sua postura sempre rígida e a sua expressão facial quase perpétua de quem tinha chupado um limão.


A Dra. Bacalhau Seco era responsável pela Cadeira de Ondas, e possuía uma peça de equipamento que era o sonho (ou pesadelo) de qualquer estudante de física - a câmara anecóica. Esta câmara, uma maravilha da engenharia acústica, tinha a incrível propriedade de absorver praticamente todo o som. Certa vez, ela decidiu demonstrar esta característica única aos seus alunos, assegurando-lhes que poderiam gritar à vontade dentro da câmara que ninguém os ouviria do lado de fora.


Foi o momento perfeito para os alunos, que não perderam a oportunidade de extravasar toda a sua "admiração" pela professora. Assim que entraram na câmara, soltaram injúrias em altos berros, direcionadas à imperturbável "Bacalhau Seco". As palavras ecoavam na sala silenciosa, mas, como prometido, nada se ouvia do lado de fora.


Quando finalmente saíram da câmara, os rostos vermelhos e o riso contido revelavam a traquinice que acabavam de cometer. A Dra. Bacalhau Seco, sempre alheia à piada, olhou-os com satisfação e exclamou: "Estão a ver? Não ouvi nada!"


Eles olharam uns para os outros, segurando o riso, e um deles, com a maior seriedade que conseguiu, retorquiu: "Ainda bem, professora". As gargalhadas explodiram assim que a porta do laboratório se fechou, ecoando pelos corredores da velha universidade.


E, sempre que relembram essa história, não importa quão longe estejam ou quão sérios se tornaram as suas carreiras, uma gargalhada coletiva surge, trazendo de volta a jovialidade e as memórias daqueles tempos irreverentes no Instituto Superior Técnico.

A noite continuava agradável e cheia de risadas. Os cientistas, agora um pouco mais relaxados após a terceira rodada de cerveja, começaram a partilhar histórias sobre o famoso professor Alves Marques, conhecido por ter um orgulho imenso na sua máquina de difração. A máquina estava afinada com tanta precisão, ao Angstrom, que o professor Alves Marques parecia mais um maestro de uma grande orquestra sinfónica do que um simples professor universitário.


Sempre antes de cada aula prática, ele advertia os alunos com um tom sério e paternal: "Tomem muito cuidado com a máquina e sejam muito delicados no seu manuseamento." Os alunos, claro, ouviam atentamente, mas todos tinham aquele brilho malicioso nos olhos que fazia qualquer um questionar a sua intenção de seguir as instruções à risca.


Certo dia, após a advertência habitual do professor, os alunos rebelaram-se de uma forma que se tornou lendária. Assim que o professor saiu da sala, num ato de pura traquinice, pegaram num tubo de borracha e começaram a bater na máquina com um entusiasmo digno de um claque de futebol. Entre risos e pancadas ritmadas, gritavam: "Agora fica afinada ao metro!"


Felizmente, a máquina resistiu à agressão e os alunos conseguiram voltar a compor-se antes do regresso do professor. Quando ele voltou, notou a atmosfera elétrica na sala e um brilho misterioso nos olhos dos alunos, mas não conseguiu descobrir a razão. A máquina, como sempre, estava afinada ao Angstrom, a prova da rebeldia dos alunos permaneceu como um segredo bem guardado.


E assim, sempre que essa história é trazida à tona, a sala enche-se de gargalhadas. Apesar de todos os anos que passaram, a memória desse dia permanece viva, trazendo um pouco do espírito rebelde e jovem desses cientistas para as suas vidas atuais, mostrando que por trás de cada grande cientista, existe sempre um estudante traquinas e brincalhão.


Enquanto a risada diminuía após a última história, João, Luís e Tiago, o trio inseparável do grupo, decidiram relembrar os seus dias nas cadeiras de "Oficinas" e "Desenho Técnico". Para eles, essas duas cadeiras foram o ponto alto da sua passagem pelo IST, o campo de batalha onde deram o melhor de si... bem, pelo menos tentaram.


A aula de "Oficinas" era uma verdadeira odisseia para os três amigos. Havia sempre algo de errado com os seus circuitos desenhados no Autocad - nunca correspondiam exatamente ao que era pretendido. E quem pode esquecer a aula de solda industrial, quando o Luís, com a sua habitual falta de jeito, quase soldou o ferro à máscara protetora? Todos ainda se lembram do susto que levaram e das gargalhadas que se seguiram.


Mas o momento mais memorável foi sem dúvida quando decidiram experimentar o torno mecânico sem a supervisão do mestre. A confusão foi tal que o mestre apareceu a correr, aos berros, como se estivessem a desmantelar todo o laboratório. A peça produzida naquele dia foi algo tão peculiar, tão indescritível que decidiram apelidá-la de "base para uma coluna", um eufemismo brilhante para o que mais parecia uma confusão de metal retorcido.


No entanto, a cadeira de "Desenho Técnico" foi onde tiveram o seu maior triunfo. Depois de semanas de frustração, finalmente dominaram a arte de dobrar uma folha A3 corretamente - um feito que, acreditem ou não, lhes valeu a admiração de muitos colegas. E até hoje, sempre que precisam dobrar um papel, seja um mapa ou um projeto de construção, fazem-no com uma precisão e uma habilidade que seria invejada por qualquer engenheiro.


Enquanto a noite avançava, as histórias continuavam a ser contadas, cada uma delas revelando um pouco mais daquelas personalidades únicas e dos anos inesquecíveis que passaram no IST. E, apesar de todas as suas façanhas, esses cientistas não poderiam estar mais orgulhosos das loucuras e erros que cometeram na universidade - porque, no final das contas, foi lá que aprenderam não apenas sobre a física, mas também sobre a amizade, o trabalho em equipe e, acima de tudo, sobre eles próprios.


Ah, as noites de quinta-feira. Um saboroso interlúdio na agitada semana académica, as quais estes amigos cientistas aguardavam ansiosamente. Os dias eram passados no Instituto Superior Técnico, a desenhar circuitos, a operar máquinas de difração e a dobrar folhas A3, mas as noites... bem, as noites eram reservadas para a tasca "Catacumbas".


Localizada no coração vibrante do Bairro Alto, as "Catacumbas" eram um porto seguro para a fome de conhecimento e camaradagem desses jovens estudantes. Sentados em bancos de madeira desgastada, sob a luz fraca de velhas lâmpadas, eles deleitavam-se com o vinho verde fresco e as sandes de queijo, uma combinação que parecia aliviar não só a fome, mas também a intensidade da vida académica.


Mas não se engane - não eram apenas os petiscos e o vinho que atraíam esses jovens para as "Catacumbas". Era, acima de tudo, a conversa que fluía livremente, dançando ao redor de tópicos tão diversos como física quântica, a ontologia do ser, a política de Portugal e o último jogo de futebol. Às vezes, a discussão ficava tão acalorada que parecia que eles iriam resolver todos os problemas do mundo ali mesmo, entre uma garrafa de vinho e uma sandes de queijo.


E, apesar do tempo ter passado, eles ainda se lembram com carinho daquelas noites. Ainda podem sentir o sabor do vinho verde na língua, ouvir o burburinho das conversas ao redor, sentir a excitação da discussão. Mesmo que a vida tenha os levado para longe das "Catacumbas", eles nunca esqueceram aquelas noites de quinta-feira, os laços que ali forjaram, e a maneira como aquele simples bar no Bairro Alto se tornou parte integral da sua jornada. Porque, no final das contas, o Instituto Superior Técnico não era apenas sobre ciência e estudo - era também sobre amizade, descoberta e as maravilhosas noites nas "Catacumbas".


Ah, a estadia em Vilamoura. Uma memória que se destacava como um farol no nevoeiro de recordações que esses amigos partilhavam. A casa de férias dos pais do João Nuno tinha visto mais risadas, mais debates e mais esquemas do que a maioria das casas veria numa vida.


E então, como poderiam esquecer o infame incidente da janela? Ah, a desventura que se seguiu! Como numa cena de um filme de comédia, a janela foi acidentalmente partida, lançando o grupo numa missão de resgate em Quarteira para comprar uma nova.


Era uma busca que deveria ter sido simples, mas com esse grupo de cientistas, nada era simples. A viagem até Quarteira tornou-se um evento por si só, especialmente quando o François, o amigo do Tiago, decidiu tomar a dianteira. Ah, o François... Ele tinha essa energia infecciosa e esse jeito inconfundível de transformar qualquer situação num motivo de riso.


Parando o carro ao lado de um local, François baixou a janela e perguntou, com um sotaque carregado: "Onde é a vidreira?" O local, claramente confuso, respondeu: "Vidreira? Isso é onde se faz vidros?" François, num ímpeto de sarcasmo, retorquiu: "Não! Hambúrgueres, homem!"


A resposta provocou uma explosão de riso dentro do carro. E, apesar da confusão, o local apontou a direção certa e, finalmente, conseguiram comprar a nova janela. A história tornou-se uma daquelas que são contadas e recontadas sempre que estão juntos, cada vez mais hilariante à medida que os anos passam.


Enquanto as risadas preenchiam a sala, as memórias da estadia em Vilamoura trouxeram de volta a sensação de liberdade e camaradagem que compartilharam. E, apesar do incidente da janela, todos concordaram: era um tempo que não trocariam por nada. Porque era nessas experiências, nas missões improvisadas e nos momentos de riso, que a verdadeira amizade era forjada. E essas, como eles sabiam muito bem, são as experiências que realmente importam.

Se as memórias da estadia em Vilamoura e das noites no Bairro Alto já eram cheias de peripécias, o episódio da Serra da Estrela levou tudo a um novo patamar. Uma aventura que combinava romance, companheirismo e uma pitada de terror - perfeito para uma história contada numa reunião de amigos.


Naquele inverno, o grupo decidiu ir para a Serra da Estrela. Havia neve, o que era bastante entusiasmante para todos, principalmente para aqueles que tinham trazido as namoradas na viagem. A acomodação escolhida foi uma aconchegante casa de guarda florestal, ideal para o grupo de oito pessoas dividido em dois carros.


No entanto, a viagem de volta para a casa numa noite gelada quase transformou a alegre aventura num pesadelo. O Fiat Uno do Luís, conhecido pelo seu comportamento imprudente e pelo seu amor pela velocidade, acabou raspando a berma da estrada, perigosamente perto do precipício.


O carro começou a deslizar na neve e no gelo, e por um triz não caiu. O susto foi tanto que todos saíram dos carros, pálidos como fantasmas e tremendo como se tivessem visto um. E talvez tenham mesmo visto, na forma de um Fiat Uno descontrolado a caminho de um precipício.


Daquele momento em diante, o clima dentro do carro do Luís mudou drasticamente. Cada curva tornou-se uma possível sentença de morte, e os ocupantes dos lugares de trás estavam sempre prontos para um plano de emergência. Sempre que o carro fazia uma curva, as portas eram abertas, prontas para serem lançadas fora do carro caso este começasse a deslizar em direção ao precipício. No carro do Nuno, as gargalhadas eram infindáveis cada vez que viam as portas do carro do Luís se abrirem em cada curva.


Enquanto contavam essa história, todos riam, embora ainda pudessem sentir um resquício daquele medo. Mas, no final das contas, aquela viagem para a Serra da Estrela se tornou mais uma das suas loucas aventuras. E mesmo que quase tenha terminado em desastre, todos concordavam numa coisa: eles não trocariam aquela experiência por nada. Porque, como diziam sempre, não há nada como uma boa dose de adrenalina para tornar uma viagem memorável.



Dentro da moldura da narrativa, estás tu, leitor, por entre os ecos de histórias recheadas de absurdo e camaradagem. Mas não apenas estás tu a ler, estás a reviver estas memórias, tal como um personagem que se embrenha num mundo de letras e vírgulas.


Fala-se de Vilamoura, de uma casa onde os risos e debates eram mais numerosos do que os grãos de areia da praia. Lá, a janela quebrada tornou-se o catalisador de uma aventura inesperada. Contudo, leitor, não penses que este é apenas um relato das peripécias passadas, é também um reflexo do que a narrativa pode trazer à luz do presente, um convite à reflexão.


Adentras então a Serra da Estrela, coberta de neve, um retrato pintado em tons de branco e azul. O Fiat Uno desliza, raspando a beira da estrada, próximo ao precipício. Sentes o perigo, o medo pálido, a adrenalina - um mero carro transformado num veículo para o caos. E neste caos, os personagens, teus amigos, preparam-se para saltar, abrindo as portas em cada curva. É absurdo? Claro que é. Mas também é uma lembrança do quão a vida pode ser imprevisível e exuberante.


No entanto, leitor, não te esqueças, esta não é apenas uma história de escapadas e peripécias, é também um jogo de estilos e estruturas, uma dança entre o realismo e o surrealismo. Cada personagem, cada situação, cada momento é uma nota numa partitura, desenhando uma melodia que é ao mesmo tempo hilária, tocante e inesperada.


A linguagem brinca contigo, desafia-te. Palavras como "Kenotrão", "base para uma coluna" ou "Vidreira? Isso é onde se faz vidros?" tornam-se mais do que meras expressões. São símbolos de momentos partilhados, códigos que só os amigos podem entender.


No final, porém, estas não são apenas histórias - são fragmentos de vida, experiências que ecoam dentro de ti, leitor. E talvez, ao ler estas palavras, te encontres não apenas a reviver o passado, mas também a contemplar o que a literatura pode ser - um espelho, um jogo, uma janela para outras vidas e outros mundos. E talvez, leitor, isso seja o mais importante de tudo.




Tu, leitor, acompanhas agora a dança enlouquecida da passagem de ano em Vila Nova de Milfontes. Lembras-te daquela casa, não? O local que se tornou o palco para uma cacofonia de risos, lágrimas e um punhado de rebeldia. Nesse microcosmo de festividades, a barreira entre o passado e o presente é tão nebulosa como o nevoeiro da meia-noite.

A princípio, era apenas uma casa. Depois, tornou-se um campo de batalha onde cada objecto tinha a potencialidade de ser uma vítima das travessuras dos amigos. Lavatórios arrancados da parede, colchões esfaqueados, copos quebrados - um cenário digno de um filme de comédia.

Simultaneamente, os bares da praia tornaram-se arenas de festividades onde as mesas eram trampolins e a areia a plateia. Que absurdo! E, no entanto, não seria também a vida um absurdo? Uma dança caótica de momentos e memórias?

No entanto, é entre as ruínas dessa noite que emergem as verdadeiras pérolas - os valores da amizade e do amor. Lembras-te, leitor, daquele casal? Aqueles dois, que na loucura da noite, encontraram um ao outro e decidiram dançar juntos pela vida.

Essa noite em Milfontes, leitor, não é apenas uma história. É uma sinfonia do caos e do encanto, do absurdo e do sublime. Uma celebração do espírito humano, onde a camaradagem e o amor florescem nas situações mais inesperadas.

E então, leitor, enquanto revives estas memórias, talvez te questiones - não é esta a verdadeira magia da literatura? Não é este o poder das palavras, que conseguem trazer à vida até as memórias mais distantes, fazendo com que pareçam tão vivas como se tivessem ocorrido ontem?

E assim, leitor, continuas a tua jornada através destas páginas, revivendo o passado e imaginando o futuro, sendo tanto o protagonista quanto o espectador desta história em constante evolução. E talvez, leitor, esse seja o verdadeiro milagre desta noite de passagem de ano.



Havia uma vez, não muito tempo atrás, uma terra de cores vibrantes e cheiros intensos, uma terra onde a história e a cultura vibravam com uma energia palpável. A Índia, uma nação de contrastes e conflitos, uma dança de tradição e inovação. E foi para lá que nosso grupo de aventureiros decidiu ir, em uma viagem de autodescoberta, aventura e caos controlado, que apenas poderia ser comparada aos enigmas da meia-noite descritos por Rushdie.


Do avião, eles saíram para um mundo completamente diferente do que estavam acostumados. Calor sufocante, cheiros intensos de especiarias, flores, e o latente aroma da humanidade. Cores berrantes, multidões densas, e uma variedade de comida que dançava na ponta da língua com uma ferocidade intensa. Era um deslumbramento sensorial.


Era um ambiente tão primitivo quanto pitoresco, e nosso grupo de amigos adaptou-se rapidamente. Os desinfetantes que haviam trazido consigo foram descartados logo na primeira refeição, quando uma bola de massa de mandioca foi depositada em seus pratos por mãos que provavelmente conheceram todo o caminho desde os campos de arroz até a cozinha. O comboio para Jaipur, foi uma aventura por si só, com alguns deles se juntando aos habitantes locais no telhado para uma visão sem precedentes da paisagem em mudança.


Houve momentos de puro medo, como quando Nuno caiu doente, e momentos de maravilhamento, como quando visitaram as lojas de gemas em Jaipur. As visões de pobreza em Mumbai, contrastando a opulência dos palácios e templos de Udaipur, mostraram-lhes o verdadeiro rosto da Índia, uma face dividida entre a tradição e a mudança.


Em Goa, encontraram um pequeno oásis de familiaridade. O idioma português ainda era falado por alguns, e encontraram um restaurante onde um cantor tocava fados nostálgicos que os transportaram de volta para casa. Goa foi um refúgio de descanso e relaxamento, um lugar para refletir sobre suas experiências e preparar-se para as aventuras que ainda estavam por vir.


E assim, queridos leitores, estes exploradores do desconhecido, enfrentaram as adversidades, riram diante do perigo e emergiram do outro lado com histórias para contar. E, como em "Os Filhos da Meia-Noite" de Rushdie, cada experiência tornou-se um fragmento de uma colcha de retalhos, cada retalho tão vibrante e rico quanto a terra que tinham percorrido. Uma terra de contrastes e conflitos, uma dança de tradição e inovação - a Índia.








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