José Saramago - Memorial do Convento

Summary "Memorial do Convento" de José Saramago é uma obra marcante na literatura mundial. Este romance entrelaça elementos históricos com narrativas fictícia

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"Memorial do Convento" de José Saramago é uma obra marcante na literatura mundial. Este romance entrelaça elementos históricos com narrativas fictícias, criando um tecido de experiências humanas e reflexões filosóficas.

A história gira em torno de duas personagens centrais, Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas. Baltasar, apelidado de "Sete-Sóis", é um soldado que perdeu a mão esquerda na guerra, tornando-se "menos que um homem" aos olhos da sociedade. Blimunda, conhecida como "Sete-Luas", é uma mulher com habilidades extraordinárias, incluindo o poder mágico de ver por dentro das pessoas. A sua história de amor é uma de profunda conexão e compreensão mútua, transcendendo as limitações físicas e sociais que lhes são impostas.

Passado no início do século XVIII em Portugal, durante o reinado de D. João V e a época da Inquisição, o romance explora temas do indivíduo versus a sociedade, a busca de sonhos e as complexidades da natureza humana. Uma das narrativas principais envolve a construção do Convento de Mafra, um projeto monumental que reflete o grandioso e o absurdo do reinado de D. João V.

A jornada da "pedra mãe" da pedreira até Mafra é uma parte significativa da história, simbolizando o trabalho, o sacrifício e as contribuições muitas vezes não reconhecidas do povo comum na construção de grandes monumentos.

A prosa de Saramago é conhecida pela sua profundidade poética e filosófica, desafiando frequentemente as formas narrativas convencionais. Ele utiliza frases longas e sinuosas, muitas vezes evitando a pontuação tradicional, para criar um ritmo e fluxo únicos na sua narrativa. Este estilo convida os leitores a se envolverem profundamente com o texto, refletindo sobre as ligações intrincadas entre personagens, eventos e o contexto histórico mais amplo.

"Memorial do Convento" é um testemunho da maestria de Saramago em misturar história, ficção e reflexões filosóficas, tornando-o uma obra profunda e duradoura na literatura mundial. É um romance que não apenas conta uma história, mas também convida à reflexão sobre a natureza da humanidade, o poder do amor e a incansável busca de sonhos contra todas as adversidades.

Obra maior da literatura mundial e uma das que mais me impressionou até hoje.

“Deveria isto bastar, dizer de alguém como se chama e esperar o resto da vida para saber quem é, se alguma vez o saberemos, pois ser não é ter sido, ter sido não é será, mas outro é o costume, quem foram seus pais, onde nasceu, que idade tem, e com isso se julga ficar a saber mais, e às vezes tudo.”

“...mas não pode ler os pensamentos, nem ela a estes entenderia, ver um homem pensando, como em um pensamento só, tão opostas e inimigas verdades, e com isso não perder o juízo, ela se o visse, ele porque tal pensa.”

“...a vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida duma flor.”

“…vão aqui seiscentos homens que não fizeram nenhum filho à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam, com perdão da anacrónica voz.”