III Ehunmilak 2012 - Epílogo
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“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;”
- Lusíadas, Canto I.
Só vários dias mais tarde é que viria a saber que o resultado oficial da minha prova tinha sido 39:42:47, e que tinha ficado classificado em 55º lugar num total de 112 finalistas. Dos 187 atletas que alinharam à partida, 75 tiveram que desistir por variadas circunstâncias. A minha sentida homenagem para todos esses valorosos atletas que empreenderam “em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana”
Terminada a prova fui tomar o banho retemperador no polidesportivo de Beasain, seguido de uma nova refeição de massa e queijo derretido (é este o sinal concludente de que devo ser mesmo masoquista) que ficou quase toda no prato.
Por fim, uma excelente massagem, providenciada por uma menina que percebia do assunto. A alternativa era um basco com ar de lutador de sumo. Felizmente consegui enganar o espanhol que se sentou ao meu lado, dizendo-lhe que já estava livre, numa ocasião em que ele estava distraído na conversa. Desta feita, quando se levantou e se apercebeu do erro, já era tarde... lutador de sumo com ele, menina para mim...
Depois voltámos para Alsasua, onde cerca das 12 horas eu imergi num sono profundo mas agitado, onde sonhei que estava a ser perseguido até aos confins do mundo, por um Gigante feito de uma amálgama de lama, rocha e silvas (e tinha a cara do lutador de sumo).
Às 20 horas levantei-me, apertado pela fome que se fazia sentir (perdi 4 kg com esta brincadeira), jantei e deitei-me novamente, só acordando no dia seguinte às 8 horas da manhã.
Aí tiveram início as dores pos-parto de que fui atingido. Abrasões pelo corpo todo, músculos doridos, joelhos destroçados, etc, etc. Se fosse aqui arrolar a lista de maleitas, mais pareceria a história clínica de um velho de 90 anos, com um historial de 80 anos de trabalho na agricultura.
Seja como for, lá arranjei, novamente encorajado pelo Luís, forças para ir fazer turismo cultural para Bilbao / Bilbo, mais precisamente visitando o Guggenheim, como seu singular edificio e a sua excelente colecção de arte moderna.
Nos dias seguintes fui sabendo dos resultados dos restantes atletas da comitiva portuguesa (a minha mãe, adepta incondicional número um, fez-me um relato telefónico detalhado do que se passara) e tomei conhecimento do vibrante acompanhamento que foi feito à nossa prova por parte da comunidade Lusa adepta do trail.
Fiquei muito satisfeito por todos os que terminaram, e senti-me solidário com os que por alguma circunstância fortuita não puderam terminar. À posteriori, li com atenção as suas histórias e segui os seus comentários.
Para sumarizar a prova e as férias envolventes, em apenas tres palavras: valeu a pena!
Vídeo de uma edição posterior (2019):
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As armas e os barões assinalados |
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;”
- Lusíadas, Canto I.
Só vários dias mais tarde é que viria a saber que o resultado oficial da minha prova tinha sido 39:42:47, e que tinha ficado classificado em 55º lugar num total de 112 finalistas. Dos 187 atletas que alinharam à partida, 75 tiveram que desistir por variadas circunstâncias. A minha sentida homenagem para todos esses valorosos atletas que empreenderam “em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana”
Terminada a prova fui tomar o banho retemperador no polidesportivo de Beasain, seguido de uma nova refeição de massa e queijo derretido (é este o sinal concludente de que devo ser mesmo masoquista) que ficou quase toda no prato.
Por fim, uma excelente massagem, providenciada por uma menina que percebia do assunto. A alternativa era um basco com ar de lutador de sumo. Felizmente consegui enganar o espanhol que se sentou ao meu lado, dizendo-lhe que já estava livre, numa ocasião em que ele estava distraído na conversa. Desta feita, quando se levantou e se apercebeu do erro, já era tarde... lutador de sumo com ele, menina para mim...
Depois voltámos para Alsasua, onde cerca das 12 horas eu imergi num sono profundo mas agitado, onde sonhei que estava a ser perseguido até aos confins do mundo, por um Gigante feito de uma amálgama de lama, rocha e silvas (e tinha a cara do lutador de sumo).
Às 20 horas levantei-me, apertado pela fome que se fazia sentir (perdi 4 kg com esta brincadeira), jantei e deitei-me novamente, só acordando no dia seguinte às 8 horas da manhã.
Aí tiveram início as dores pos-parto de que fui atingido. Abrasões pelo corpo todo, músculos doridos, joelhos destroçados, etc, etc. Se fosse aqui arrolar a lista de maleitas, mais pareceria a história clínica de um velho de 90 anos, com um historial de 80 anos de trabalho na agricultura.
Seja como for, lá arranjei, novamente encorajado pelo Luís, forças para ir fazer turismo cultural para Bilbao / Bilbo, mais precisamente visitando o Guggenheim, como seu singular edificio e a sua excelente colecção de arte moderna.
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Turismo cultural |
Nos dias seguintes fui sabendo dos resultados dos restantes atletas da comitiva portuguesa (a minha mãe, adepta incondicional número um, fez-me um relato telefónico detalhado do que se passara) e tomei conhecimento do vibrante acompanhamento que foi feito à nossa prova por parte da comunidade Lusa adepta do trail.
Fiquei muito satisfeito por todos os que terminaram, e senti-me solidário com os que por alguma circunstância fortuita não puderam terminar. À posteriori, li com atenção as suas histórias e segui os seus comentários.
Para sumarizar a prova e as férias envolventes, em apenas tres palavras: valeu a pena!
Vídeo de uma edição posterior (2019):
Luís, mais uma vez parabéns! Pela prova e também pelo relato!
ResponderEliminarAdorei a forma como foste descrevendo essa aventura de quase 40h!
Tenho uma ideia, mas acho que não consigo imaginar aquilo por que vocês passaram... Incrível!
Não é para qualquer um!
Parabéns mais uma vez!
Vale a pena quando desfrutamos o caminho e os camaradas que connosco o partilham.
ResponderEliminarDesfruta este momento companheiro.
A
Fantástico final Luis.
ResponderEliminarEnorme prestação, grande orgulho em vestir a laranja.
Obrigado pela partilha, humildade e ensinamentos.
O que te restará correr a seguir???
Parabéns mais uma vez,
RunAbraço
NDA
E acabas em grande, com a citação do Camões.
ResponderEliminarEle tinha razão, nós somos capazes de grandes coisas, tal como tu e os outros participantes lusos demonstraram.
Obrigado pelo teu excelente relato e até à próxima prova
Runabraço
Caro Luís,
ResponderEliminarAtravés da escrita fluida, vivemos por dentro a aventura que viveste. Extraordinária força de vontade. Parabéns pela tua performance, apenas ao alcançe de muito poucos. RunAbraço.
Grande LUÍS,
ResponderEliminaróptima descrição. É nestas provas que se revelam as nossas melhores qualidades. És um fantástico atleta. Qual será o teu próximo desafio depois disto. Um Iron-Men ou uma simples prova de 10km?
RunAbraço
Fiquei cansado só de ler.
ResponderEliminarTive fora e só agora pude ler tudo.
Parabéns por esta enorme prova e obrigado por nos dares a oportunidade de correr contigo
Quão doce é o louvor e a justa glória
ResponderEliminarDos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados.
As invejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos sublimados.
Quem valerosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.
-- Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas, canto V, estrofe 92
Luis, só hoje li a tua aventura. Queria ter um momento de sossego para estar concentrado e não deixar escapar nenhuma descrição ou detalhe. Apesar das dificuldades fiquei com a sensação que conseguiste fazer a preparação adequada para esta prova gigante. É sem duvida um feito enorme ao alcance de poucos. Parabéns e obrigado pela generosa prosa com que nos brindas.
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