VI UTNLO

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De dois em dois anos vou ao Trail Nocturno da Lagoa de Óbidos. Mais precisamente nos anos pares. Assim foi em 2010, em 2012 e neste ano de 2014. É uma espécie de peregrinação estival. Por norma não vou a provas exclusivamente noturnas, pois gosto de ver bem o terreno que piso e a paisagem circundante. Mas o TNLO é a exceção que confirma a regra. A vila de Óbidos tem algo de mágico, exsudando história por todos os poros. A coincidência temporal com o Mercado Medieval realça ainda mais o ambiente.


Mercado Medieval


Gosto do início em passeio pela vila e a alegria contagiante dos atletas. Gosto da partida na porta medieval da vila e entrada na meta pela porta medieval do “jogo da bola”.


Concentração no interior das muralhas


Este ano saí de casa um pouco em cima da hora, mas ainda cheguei a tempo de levantar o dorsal e rever muitos dos amigos de sempre, que já se concentravam na vila para mais uma festa do Trail. Tive o prazer de reencontrar o Paulo Freitas e o Gabriel Meira, acompanhados pelas respetivas companheiras. Encontrei também a alegre comitiva do meu clube, o Run 4 Fun.


Run 4 Fun


Às 21h00, depois do briefing, foi dada ordem para avançarmos ordeiramente até à porta da vila. 


Partida simbólica


Poucos minutos depois era dado o tiro de partida e vejo logo vários atletas a saírem disparados que nem setas.


Partida oficial na porta da vila


Apesar de já conhecer pessoalmente muitos dos protagonistas das provas de Trail, e de ter uma noção clara do crescimento que a modalidade tem tido nos últimos anos, não cesso de me surpreender com a quantidade de caras novas que encontro nestes eventos muito participados. Pessoalmente dá-me uma enorme alegria ver a adesão crescente que tem tido esta modalidade que me apaixona. E noto sobretudo uma enorme adesão da malta mais nova. O Trail está a tornar-se um desporto mais jovem, o que augura um bom futuro. Esta tendência nota-se também nas classificações. Do top 10 do UTNLO deste ano apenas 2 atletas não são seniores. Têm surgido novos protagonistas, vindos da estrada, do ciclismo, do BTT. E com esses novos protagonistas o nível competitivo tem subido.



Altimetria


Percurso


 Corro os primeiros quilómetros acompanhado pelo Nuno Ferreira. Ele comenta que estamos a ir a um ritmo bastante elevado, mas o que é certo é que não parece acusar o esforço. Este ano o circuito é feito no sentido inverso do de 2012. O percurso vai-se dividir grosso modo em 25 km com o grosso da altimetria, seguido por 9 km de orla marítima, e mais 9 km planos e rolantes e por fim 9 km de subida até ao Castelo.

Rapidamente chegamos ao 1º abastecimento, em Sobral da Lagoa, no km 9, que tem apenas líquidos. Seguimos para o 2º abastecimento, em Vau, no km 15. Em Vau sou ultrapassado sucessivamente pelo Zé Guimarães, pelo Zé Prezado e por mais uma série de amigos, apesar de seguir a um ritmo vivo de cerca de 10 km/h. Há já vários kms que noto que o meu frontal está a produzir uma luz com muito fraca intensidade, mas até aqui ainda não tive a iniciativa de trocar as pilhas. Apenas após alguns ameaços de queda, por falta de visibilidade do terreno, é que me decido a trocá-las. Neste ponto a ajuda do Nuno é providencial. Ele alumia e segura-me o frontal encontro troco as pilhas. São estes pequenos gestos de solidariedade que me fazem acreditar que esta modalidade potência o melhor que há nos seres humanos. Salvo raras exceções, não se vê aqui a competição desenfreada que encontramos noutras modalidades, mesmo entre atletas amadores. O mais importante é o respeito pelo ser humano e pela natureza.

Até aqui a companhia do Nuno tem sido excelente para manter o ânimo elevado.  Mas eu começo a quebrar e ainda antes do abastecimento dos 25 km deixo de o ver. Quando finalmente chego ao abastecimento da Praia D’El Rei, no km 25, às 2h39m de prova, já me sinto bastante esgotado.  Este é o primeiro abastecimento com alimentos sólidos, portanto aproveito para comer e reabastecer os bidões de água.

Os próximos 9 km serão os mais duros da prova e o meu ritmo quebra acentuadamente. O percurso nas dunas é muito exigente e levo 1h17m a cobrir os 9 km, chegando às 3h56 de prova ao km 34, na Praia dos Pescadores.

Neste abastecimento sou recebido em festa por uma grande claque do Run 4 Fun, encabeçada pela Sandra Simões. Reencontro o Paulo Freitas e o Didier Valente. Após um pequeno descanso, sigo com o Paulo, que está mais preocupado com a progressão da sua companheira (que também está em prova nos 50 km) do que com a sua própria prova. A sua companhia é excelente para me manter motivado e para me ir distraindo com um pouco de conversa, enquanto o folego aguentar.

Esta parte do percurso é plana o que nos permite aumentar o ritmo e chegar ao abastecimento dos 43 km, o Miradouro do Arelho, ao fim de 5h00 de prova. A partir daqui o percurso volta a ser mais acidentado. Somos acompanhados pelo amigo Zé Guimarães. Seguimos num trio em direção ao Castelo. Passamos o km 50 e nada de ver Óbidos. O Paulo e o Zé, bons camaradas, vão esperando por mim, que já me encontro no limite das minhas forças. Seriam necessários ainda mais 2 km até finalmente subirmos a encosta e entrarmos os 3 juntos pela porta medieval, ao fim de 6h08m, prontos para a foto da praxe.


Paulo Freitas, Luís Ferreira e Zé Guimarães


Uns minutos depois chega o Nuno Ferreira, que se tinha perdido uns kms antes e assim se tinha atrasado.

Recebo o troféu e preparo-me para fazer o caminho de volta para Lisboa. Desta feita não pude esperar pelos colegas e amigos que ainda estavam em prova.

Foi mais uma excelente organização do CAOB. À saída da vila encontro o Jorge Serrazina, que não tem tido um momento de descanso, que a organização de um evento destes assim obriga.

Voltaremos a reencontrar-nos no Réccua Douro Ultra Trail em Setembro e depois no UTAX em Outubro.

Possa eu ter saúde para continuar a praticar este desporto de eleição durante ainda muitos anos!


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